Estratégia: Should I Stay or Should I go?

E aí pessoal. Estou de volta pra trazer mais um debate na mesa.
Sabe aquelas situações que você quer fazer uma jogada e tá com receio que "vai dar merda, capitão"? Você repensa sua jogada ou a faz mesmo assim?

Yu-Gi-Oh - Jogar conservadoramente ou agressivamente?

A primeira pergunta que eu fiz nesse post se responde sozinha se você joga Yu-Gi-Oh frequentemente e com diversos decks (ou seja, tem um mínimo de experiência com o jogo). Sim, esse tipo de situação é muito frequente.

Bom, Yu-Gi-Oh é um jogo que, diferentemente de outros como Xadrez ou Gamão, tem uma influência forte na aleatoriedade e probabilidade, então essa decisão nem sempre (quase nunca) é bem clara. Então existe tanta coisa para se levar em consideração que uma jogada, tanto agressiva demais quanto conservadora demais, pode influenciar tanto que, sozinha, determina o fim do jogo.

É claro que seria leviano da minha parte achar que uma solução serve para todos e casos e para todos os jogadores, afinal cada um joga de uma forma diferente, usando um deck diferente, contra um deck diferente em uma situação diferente. Sim, estamos beirando o infinito de possibilidades.

Não se preocupe, junte suas cartas na mão, embaralhe, olhe a mesa de novo e, antes de fazer qualquer coisa, PENSE.

Vamos analisar juntos cada fator que você deve levar em conta na hora de escolher o approach mais adequado.

O SEU DECK

Meu amigo, eu sinceramente não espero que você faça uma jogada passiva se seu deck for construído inteiramente focado em jogadas agressivas (ou se o archetype em si é agressivo). Se seu deck não tem nenhuma trap, tem 3 Mystical Space Typhoon, 3 Storm, 3 Night Beam, etc. as chances são de que você não vai ter opção mesmo. Igualmente, se você está usando um deck control, com 3 Pot of Duality e tantas traps quantas você pode colocar... bom... a não ser que seu deck seja Infernity ou algo igualmente fora do comum, é provável que você não tenha algo explosivo para usar.

Havendo dito isso, se você ainda não está fazendo o que eu vou dizer agora, é bom começar.

No momento que for começar a montar seu deck (ou sequer cogitar montar), você tem que saber como é que você vai jogar com ele. Tendo isso em mente, estruture e jogue de acordo.

Se ainda não ficou claro o que eu disse, vou te dar um exemplo bem simples. Sabe Geargia?

Tecnicamente não sendo Geargia, quem ousa não considerar Geargigant X como tal?

Se você joga há tempo suficiente, eu creio que já viu umas variantes Geargia aqui ou ali, principalmente antes de limitarem a Trap do Archetype, quando estava sendo amplamente usado, e sendo uma força a ser considerada em grandes torneios.

Assim como Neston, há mais de uma maneira de fazer Geargia. Aqui estão as que eu considero principais.

Sim, colegas. Karakuri Geargia. Não faz muito tempo que essa variante era o rei dos OTKs, por causa da sua incrível consistência e capacidade de gerar recursos. 3 Bureido ativando e atacando em seguida não é bom para os negócios. Não é bom para ninguém.

A menos que tenham inventado um geargia-turbo-super-draw-ftk-quasar-trishula-loop-combo-of-doom-from-hell, essa é a forma mais agressiva de se jogar com Geargia.

E é claro, Geargia e Gadgets podem coexistir pacificamente em um deck. até porque, Geargiarmor vai fazer um trabalho parecido com os Gadgets, então bônus pra isso.

Essa é a versão mais lenta. Eu penso nela como a versão "pobre" ou "orçamento baixo". A sinergia é razoável, claro, mas existem outras mais satisfatórias. Enfim, se você for jogar com um deck assim, você vai se ver bastante tentando gerar pequenas vantagens através dos Gadgets e Geargias, fazendo alguns xyz pelo caminho e tentando controlar o jogo do oponente com suas traps. Bem simples.

E por último, Machina-Geargia. Por acaso, já usei um pouco este deck, as jogadas são bem consistentes. Aqui é o meio-termo entre partir pra cima do seu oponente com tudo e fazer suas jogadas em pequenos incrementos.

Basicamente, esse deck vai tentar iniciar o tentando buscar algo que em poucos turnos vai tomar bastante espaço no campo (Geargiaccelerator e Machina Fortress). Ou seja, nem vai tentar fazer um OTK tão logo quanto possível nem vai tentar matar o oponente de tédio.

Repare que eu estou dando esta volta inteira somente para fazer entender que a forma como seu deck é formado vai determinar como é a melhor forma de escolher o tipo de jogada que você vai tentar realizar. Lembre-se disso enquanto estiver lendo, vai ficar ainda mais claro.

O DECK DO SEU OPONENTE

O deck do meu oponente importa no jeito que eu jogo?

(imagem meramente ilustrativa)

É claro que importa. Yu-Gi-Oh não é um jogo para um jogador. Eu vou te mostrar.

Suponha que você vai jogar um torneio ou simplesmente se juntou com alguns colegas para se divertir, e jogou as seguintes partidas: a primeira contra Lightsworn, a segunda contra Fire Fist, a terceira contra Hero Beat, a quarta contra H.A.T.

Suponhamos, também, que por um milagre do destino suas mãos vieram iguais ou muito parecidas. Eu não preciso de simulação, calculadora ou quaisquer outros dados pra saber que os jogos foram bem diferentes. E, é claro, a depender do que você usou, alguns Match-ups foram excelentes e outros foram horríveis.

Agora, você concorda comigo que se você estivesse preparado para todas as partidas, cada uma seria jogada de maneira diferente?

O METAGAME

Meu amigo, não se engane, o metagame tem um papel grande em como as partidas se desenvolvem. Algumas cartas, após o lançamento ou liberação da banlist podem ter um impacto tão grande que praticamente todo mundo sempre vai as levar em conta.

Você sabe como essa coisa funciona. Existem cartas simplesmente tão boas, como as de cima, que só um louco não as usaria. Mesmo que beneficiem a um deck só, apenas uma carta pode ser a diferença entre um deck razoável e um deck insano. Portanto, se seu oponente não sentar pra jogar com você vestindo uma camisa de força, esteja na expectativa delas.

Era muito comum, há alguns formatos, os jogadores não setarem todas as Spells e Trap Cards da mão simplesmente porque Heavy Storm era permitida. Soa bizarro, apenas uma carta. Ainda assim não havia como jogar sem cogitar que isso acontecesse, muito embora você nem tivesse 100% de certeza que seu oponente a teria incluído no deck.

Bom, já falamos demais, que tal tentar abordar algumas situações mais concretas?

SITUAÇÃO A: Tem cartas set demais pro meu gosto

Todo mundo tem medo do desconhecido. Em Yu-Gi-Oh não é diferente.

Quanto mais seu oponente tiver cartas viradas para baixo no campo, seja monstros ou spells e traps, mais sua jogada vai sair diferente do planejado. Claro, isso se seu oponente não for uma maníaco por blefe.

Antes de mais nada, você deve analisar o jogo e tentar deduzir o que seu oponente pode ter em campo. Eu sei que existem milhares de cartas, mas a lógica vai diminuir a possibilidade o suficiente. Verifique as cartas no cemitério e/ou removidas de jogo e observe quais foram usadas e quais não foram entre as que você acredita que ele esteja usando (ex: cheque se seu oponente ativou Solemn Warning, Bottomless Trap Hole, Torrential Tribute).

Sua jogada vai depender da sua conclusão do que seu oponente tem. Se não há como deduzir (seu oponente está usando um deck demasiadamente descomum ou é o segundo turno do jogo e você sequer sabe o que seu oponente está usando), as coisas ficam mais difíceis. Ou seu oponente teve uma mão horrível e nada saia como ele queria e teve que jogar desse jeito, ou tudo saiu perfeitamente como ele queria e está preparado esperando a oportunidade para jogar de verdade.

Em uma situação como essas, a primeira coisa que eu tendo a fazer é usar cartas que façam remoção de Spells e Traps, que não interfiram muito na minha jogada e que eu não esteja querendo poupar para outra hora (ex: não usar o normal summon; guardar Mystical Space Typhoon para Abyss-Sphere). Isso pode me dar uma prévia do que meu oponente tem. Ou seja, se eu acertar uma Traptrix Trap Hole Nightmare, existem chances fortes de existir Fire ou Ice hand no campo, além de Artifact Sanctum ou Ingnition. Se você descobrir uma carta inócua, não deixe isso lhe dar um senso de segurança!

Feito isso, eu uso as cartas de busca e compra, na ordem que eu achar mais conveniente. Isso pode vir antes do primeiro passo; eu não me importo em perder um Upstart Goblin por ser negado, mas me importo em perder uma Allure of Darkness. Isso varia. Faça suas jogadas cuidadosamente, e só ative seus Searchs e Draws após se garantir que seu oponente não tem algo que sirva para impedir que você monte seu combo.

Em seguida, eu tendo a entrar cautelosamente no campo. Se sua jogada inicia um combo grande, talvez você queira diminuir esse combo, principalmente se lhe custar muitos recursos. Se você vai invocar algo como Qliphort Carrier sem tributos, tudo bem. Se for Qliphort Disk com tributos, aí é diferente.

SITUAÇÃO B: Meu oponente usa vários floaters

Sabe o que são Floaters? Vou tentar definir de uma maneira bem fácil. São monstros que mesmo quando "morrem", geram algum tipo de vantagem pra seu oponente.

Eu acho esse tipo se situação muito desagradável. Você fica numa situação muito complicada porque quase sempre ou você dá a vantagem do Floater ou você fica esperando uma forma de resolver sem dar vantagem, torcendo por não ter esperado tempo demais.

Quando o floater não dá uma vantagem enquanto no campo, tudo bem. Seu oponente perde uma carta e ganha uma carta. A não ser que seja uma carta essencial que ele vai ganhar pelo floater. Agora... quando o floater já fez vantagem e ficou no campo... ele já saiu de graça. Mesmo que você consiga contornar a carta, você vai usar algum recurso pra isso, então, no fim das contas, você sai em desvantagem.

A partir do momento que você reconhecer o deck do seu oponente, é inteligente tentar guardar os "outs" até melhor juízo.

OK, seu oponente tem floaters? OK, quantos floaters? Um floater só é fácil de dar um jeito. 2 floaters não dobra a dificuldade, QUADRUPLICA, salvo se você estiver jogando com um anti-meta, ou algo que naturalmente tenha vantagem.

Se o único problema é o floater, analise o efeito dele cuidadosamente. Como o efeito dele ativa? Destruído por batalha, destruído por efeito, tributado, enviado ao cemitério, enviado do campo ao cemitério... Identificou? Agora você tem que ver se seu deck tem como tirar aquilo do cenário, e qual o nível de acessibilidade da carta que te ajuda, isso além de todas as vantagens e desvantagens. Solemn Advice, por exemplo, pode ser exagero.

Se não der pra lidar de jeito nenhum, então calcule o prejuízo em deixar esse floater ativar.

Depois de fazer toda essa matemática, parta pra cima ou aborte a missão. E não subestime floaters.

SITUAÇÃO C: Meu oponente tem um campo estabelecido muito forte

Desagradável. Muito desagradável. Quando seu oponente monta um campo bacana (parabéns pra ele), e deixa você cheio de dedos pra jogar porque ele tem algo que não é o tipo de coisa que constrói amizade.

Não tem jeito. Tem que mudar o plano. Na verdade, sua jogada inteira vai ser voltada a desmontar o campo do seu oponente sem te dar tanto prejuízo.

Você tem que jogar MUITO cautelosamente. Sabe a lei de Murphy? Então, hoje é dia.

Vá por mim, você NÃO vai conseguir atropelar seu oponente se ele fez um setup bacana. E digamos que você é a própria encarnação do Yugi e conseguiu. Haverão consequências. Conte as cartas na sua mão e no seu campo e faça a mesma coisa com seu oponente. Os números não mentem.

E a situação pode ser ainda pior, seu oponente pode ter um setup que lhe impede quase completamente de jogar.

Muita gente prefere ver a menina do exorcista que certas cartas em campo

Vamos supor, só para fins de argumentação, que você pode fazer alguma coisa enquanto tem aquela carta que todo mundo que joga com seu deck detesta. Isso significa que você deveria fazer mesmo assim?

Antes de mais nada, se você espera jogar contra algo que vá detonar a jogabilidade do seu deck de uma vez, não dói se preparar contra isso. Breakthrough Skill, Forbidden Chalice, Dark Hole, Raigeki, o que quer que seja preciso, porque simplesmente não adianta tentar imitar Davi e Golias.

SITUAÇÃO D: Meu oponente espera uma jogada minha para fazer a dele

É mais comum do que parece. Às vezes seu oponente precisa que você coloque algo em campo para ativar ou usar alguma carta. Não são incomuns cartas que incluem "if your oponent controls a monster and you don't. Sem contar que seu oponente definitivamente vai ter algo que ele só quer usar em uma hora específica, e não simplesmente invocar e deixar sentando lá no campo.

Não se engane. Existe muito mais que estas 3 cartas que seu oponente vai esperar para usar quando você tiver algo. Volcanic Queen, Cyber Dragon, Onslaught of the Fire Kings, A Hero Lives, Grapha, Dragon Lord of the Dark World, Shaddoll Fusion, The Monarchs Stormforth, Soul Exchange, Judgment Dragon, Lightray Diabolos, Black Rose Dragon, Evilswarm Exciton Knight... só citando alguns!

Nada te impede de partir pra cima com tudo, certo? Não conte com isso. Quanto mais você trouxer em campo, mais seu oponente vai ter para explorar. Então o que eu faço?

Bom... identifique o deck do seu oponente, faça uma análise do jogo e determine que surpresas ele tem para você. Com prática, esse ato se torna um hábito e com uma boa taxa de sucessos.

Feito isso, você tem duas escolhas: ou você tenta montar um campo que frustre o plano dele (como no tópico anterior) ou que pelo menos mude o plano de jogo do seu oponente, ou...

...se seu deck te permitir e for feito para isso, dê mais de 8000 em dano para ele e diga adeus. Simples assim... não é? Não, não é. Isso nos leva ao próximo tópico.

SITUAÇÃO E: Tenho razões para crer que meu oponente tem hand traps

E razões muito boas, diga-se de passagem. Talvez o pessoal na sua região use, talvez o formato seja adequado, talvez o deck tenha sinergia (como Lightsworn, Hieratic, etc) ou talvez até seu oponente usou na partida anterior ou em outro turno. Mas a mão do seu oponente é grande e algo não cheira bem.

Às vezes é óbvio quando seu oponente quer usar uma hand trap. Manda você esperar um pouco, olha a mão, embaralha, olha o campo e fala "vai". Xi...

Bom, levando em conta as Hand Traps que existem e que são jogáveis, se seu oponente ativar uma, sua jogada ou vai acabar, ou vai te prejudicar. Se você joga, por exemplo, de Spellbook e seu oponente ativar Droll & Lock Bird, é game over, cara. GAME OVER. Não existe mais o que fazer naquele turno pra você. Seu oponente sairá cantarolando uma canção feliz. Se você joga de Burning Abyss e seu oponente ativar Maxx "C", ou sua jogada para ou seu oponente vai comprar tanto que a economia da cidade vai melhorar em 17% em um dia só.

Bom, Hand Traps não são o fim do mundo. Faça DE NOVO a análise de que carta seu oponente vai jogar. Feito isso, faça sua jogada cautelosamente, e você vai poder jogar de forma razoavelmente agressiva, desde que no momento previsto da carta ser ativada você possa conter os danos.

Por exemplo, você espera que seu oponente ative Battle Fader porque ele está jogando de Monarch. Se você tiver Satellarknight Vega e Deneb, ataque com ambos e, se seu oponente ativar Battle Fader, de fato, use Castel ou Number 50 para se livrar do problema. O mesmo serve para outras cartas como Tragoedia. Bem simples.

SITUAÇÃO F: É o primeiro turno do jogo

Aqui depende muito mais do seu deck e da sua mão. Pode não ser recomendado que você mostre de uma vez tudo que seu deck tem, a não ser que a intenção seja exatamente essa.

A discussão aqui é bem breve. O que eu gosto de fazer é nivelar o campo de modo que no meu próximo turno, quando eu vá fazer a jogada que eu realmente pretendo, as coisas sejam mais fáceis. Não tem segredo.

No Entanto, tenha cuidado, ainda assim. Já tratamos sobre o oponente esperar sua jogada. O que você quer aqui é não facilitar as coisas. Às vezes a melhor alternativa é simplesmente passar o turno, só colocando algumas cartas viradas pra baixo.

Gotta Go Fast, mas no próximo turno

Não creia que toda situação redunda em "devo jogar conservadoramente". É que certas jogadas exigem cautela. Outras não, você pode jogar à vontade. Mas se são tão tranquilas, porque eu as listaria aqui e faria análise delas, não é verdade? Se seu oponente der brecha, não pegue leve com ele. Até a próxima.